sábado, 7 de dezembro de 2013

Com a ajuda do Google Earth ,floresta perdida é encontrada no coração de Moçambique


Em poucos anos de exploração científica, centenas de espécies - entre plantas, borboletas, pássaros e mamíferos - já foram encontrados no Monte Mabu, que abriga o mais extenso remanescente de floresta tropical do sul da África. Apesar do excelente estado atual de conservação, a proteção efetiva desse rico ecossistema é essencial para garantir que sua enorme biodiversidade possa ser investigada e manejada de forma a beneficiar as comunidades que dependem diretamente dos serviços ambientais oferecidos pela floresta.

Com menos de um quarto dos 7.800 hectares de floresta cientificamente explorado, novas espécies de plantas e animais - cobras, camaleões, morcegos, borboletas – já foram registradas no Monte Mabu (e mais ainda são esperadas). Outras espécies, até então não observadas em Moçambique, fazem agora parte do registro de plantas e animais nativos do país. Essas descobertas têm chamado a atenção para a importância dos ecossistemas montanhosos do norte moçambicano no âmbito internacional.


Até recentemente, o Monte Mabu era uma das poucas áreas do planeta inexploradas pela ciência. Em 2005, a floresta foi finalmente identificada através de imagens de satélite geradas pelo Google Earth. A ausência de registros oficiais e o difícil acesso contribuíram para a manutenção de uma rica biodiversidade local. Expedições envolvendo pesquisadores moçambicanos e estrangeiros encontraram espécies e fenômenos ecológicos que fazem do Monte Mabu uma área de grande interesse científico e valor em potencial não somente para as comunidades residentes mas também em nível nacional.
A ONG Fauna & Flora International (FFI) tem trabalhado em parceria com organizações locais para garantir a conservação da floresta e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento sócio-econômico da região.


Moradores da região dependem da agricultura de subsistência, que ocorre portanto em pequena escala. Mas a prática atual de corte e queima da vegetação é danosa ao meio ambiente porque, após alguns anos de alta produtividade, os nutrientes do solo são quase que inteiramente consumidos pelas plantações e novas áreas devem ser desmatadas para manter a agricultura local. A caça também é praticada pela população que vive nos arredores da floresta. Se realizada de forma excessiva, a atividade poderia se tornar uma ameaça à fauna do Monte Mabu. Além disso, a extração de madeira vem aumentando na região e, caso Mabu não seja devidamente protegido, o desmatamento pode se tornar uma pressão concreta sobre a biodiversidade local.


Uma vez ao dia, e por apenas cerca de meia hora, milhares de borboletas de várias espécies, seguidas por libélulas e pássaros, surgem no topo do Monte Mabu (fenômeno conhecido como hilltopping). Buscando atrair parceiros, as borboletas impressionam não somente pretendentes em potencial como também visitantes afortunados (ou bem-informados) o suficiente para estar no local certo, na hora certa.

As mudanças climáticas no continente africano devem reduzir a produtividade agrícola, o que agravaria a escassez de alimentos e possivelmente resultaria numa maior pressão das populações da região sobre recursos naturais em áreas hoje pouco exploradas, como o Monte Mabu.


A floresta, que se encontra em excelente estado de preservação, atua na regulação da quantidade e qualidade da água que alimenta os rios que nascem no monte, além de armazenar água para que rios e córregos continuem fluindo tanto na estação chuvosa como na seca. A vegetação contribui também para o armazenamento de dióxido de carbono, que seria liberado na atmosfera em caso de desmatamento e queima da madeira. O Monte Mabu também contribui para a regulação do microclima regional aumentando a ocorrência de chuvas e, assim, reduzindo as temperaturas locais.


Devido à sua espetacular biodiversidade, o Monte Mabu tem significativo potencial para o ecoturismo. Se organizada por e para as comunidades que moram nos arredores da floresta, a atividade turística poderá contribuir com o desenvolvimento sócio-econômico local. Atualmente está em andamento o processo de obtenção do direito legal de uso e aproveitamento da terra (DUAT) para a floresta de Mabu pelas comunidades locais.


Após inúmeras reuniões e workshops para discutir estratégias de manejo com essas comunidades, organizações de Moçambique, inclusive departamentos governamentais, aliadas a parceiros internacionais, trabalham agora para desenvolver um projeto que permitirá a criação de uma área de proteção ambiental para que o Monte Mabu seja dedicado à conservação e ao ecoturismo que beneficie diretamente as comunidades locais.

Fonte
kew.org (Fotos e detalhes sobre a primeira expedição ao monte)
Fauna-Flora.org

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